quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O Caso da Normatização da Moda

Uma das coisas que vendem para nós, mulheres, é que o fato de a gente ter muito mais opções do que os homens para nos vestirmos é a maior vantagem. Ando achando que não é beeem assim. É verdade que em muitos eventos podemos usar roupas fresquinhas enquanto eles torram no terno. Mas, por outro lado, nos dias frios a gente pena para arranjar um modelito de festa adequado, e eles ficam bem confortáveis.

A questão é que a variedade de opções não significa que possamos escolher livremente como a gente quer se apresentar. Ao contrário: existem montes de regras que precisamos seguir. Da cor que nos favorece à estampa que nos cai bem. Do que está na moda versus o que é tão estação passada. E, o mais ofensivo, o que devemos usar para “disfarçar” nossos “pontos fracos”, sendo que é tudo ponto fraco: muita altura, pouca altura, muito peso, pouco peso, muito peito, pouco peito, muito quadril, pouca cintura, e lá se vai a lista interminável que nos conta como nossos corpos são imperfeitos e como precisamos lutar para melhorá-los. Auto-estima, oi?

(Enquanto isso, os homens não questionam seus corpos. As revistas que eles lêem não dizem para eles que pescoços longos devem ser disfarçados com golas retas e pescoços curtos, valorizados com decotes V. Ou que o corte de cabelo tem de pôr em evidência as maçãs do rosto mas esconder orelhas de abano.)

Como vocês podem ter percebido, eu sou especialista nessas regrinhas. Então eu não estou dizendo que elas são tolas porque não as compreendo. Eu as compreendo muitíssimo bem, obrigada, e já as usei fartamente (em “proveito” próprio e alheio). E agora estou achando que elas são tolas. Porque, de novo, elas demandam tempo e dinheiro e esforço para um resultado, bem, imediatamente satisfatório mas não muito compensador a longo prazo. Porque os homens não têm de se preocupar com isso, e conseqüentemente gastam esse tempo, dinheiro e esforço em coisas no mínimo mais divertidas. Porque, se você perguntar, metade da população mundial (os homens) não liga a mínima se a nossa roupa é tendência (aparentemente, eles só ligam para os decotes e as mini-saias). Quem liga, aplaude, critica e faz listas de certo e errado em revistas são, na maior parte, as mulheres.

Então, de novo, a minha teoria simplificante funciona bem. Se você tem um monte de calças e camisas, ou saias e blusas, que combinam todas entre si, você não tem de quebrar a cabeça toda vez que for sair de casa. Se seus sapatos são confortáveis e básicos, você não tem de se preocupar se as proporções ficaram adequadas ou se você vai ficar muito tempo de pé. E nada impede que todas essas calças e saias e blusas e sapatos sejam lindos na sua opinião e você os adore.

6 comentários:

  1. O terno só tem inconvenientes nos trópicos - mas a gente é um bando de macaquitos mesmo e tem que sofrer. Aliás, em todo programa de moda, a primeira sugestão que dão para "melhorar" visuais é um blazer ou casaco, porque fica mais composto. Donde, o nosso maior problema é o clima (porque pessoas verdadeiramente chiques não se atém a esses pequenos detalhes).
    Aff, aja paciência.

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  2. vou te inscrever no Esquadrão da Moda..

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  3. nossa, deus me livre viver num mundo desses. parei de ler revistas femininas, alias, de seguir revistas femininas quando eu era adolescente e vi um quiz numa revista. acho que era a capricho. uma das questoes era algo do tipo: "voce descobre que seu paquera detona na bateria. entao, você:

    a) entra numa aula de bateria
    b) mente dizendo que você sabe tocar o instrumento
    c) bla bla bla bla..."

    dai eu me dei conta que essas revistas, tanto pra adolescentes, como pra mulheres adultas, soh se preocupam em nos dizer que nohs devemos agradar os outros, sempre. agradar o "paquera" a ponto de fazer aula de alguma coisa da qual a gente nao gosta, agradar o patrao usando uma roupa que a gente nao quer... se enfiar num tubinho e num salto alto que machuca porque "a ocasiao pede" etc. nao, obrigada. sou adepta do "tosca, porem confortavel". e olha soh, nunca deixei de arrumar sexo, amigos e emprego por isso ;)

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  4. A gente adora gastar dinheiro com roupa, maquiagem, mil bolsas, cremes pra cada parte diferente do corpo... porque desde criança a gente escuta que mulher adora frequentar shooping, adora comprar e se vc entra na adolescência e não adere ao coro, chega a ser excluída e vista como diferente.
    O que tenho mais birra desses programas tipo esse Esquadrão da moda é que não é nem a pessoa que se inscreve, parentes e amigos "preocupados" inscrevem a pessoa. E geralmente as pessoas não são nem bem tratadas, são ridicularizadas e humilhadas por causa de dez mil reais... Se é que não é tudo combinado...

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  5. O Esquadrão da Moda é ofensivo.
    Eles passam o programa inteiro humilhando a pessoa que, sem saber o que dizer, ri nervosamente. Eles não dão espaço ao gosto pessoal nem às preferências, é o que cai bem no corpo e na idade. Fui assistir esses dias e fiquei chocada com a agressividade dos apresentadores, que tentam fazer gracinhas, mas o nome técnico do negócio, mesmo, é grosseria.
    Tava trocando de canal essa semana e vi um pedaço do programa. A "ajudada" era CEO de uma nova empresa. E ela tinha que se vestir, é claro, elegantemente, pra passar seriedade. Mas a cintura tinha que ser marcada e as formas, valorizadas, afinal... CEO ou não, ela ainda é mulher.
    Não tem o que dizer.

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  6. Moças,

    eu acho Esquadrão da Moda o fim. A versão americana é menos agressiva, mas eles também insistem que a vítima, quer dizer, a escolhida fique "sexy". Eu gostava do programa, mas isso começou a me incomodar, aí eu parei de acompanhar.

    Assisti a um capítulo da versão brasileira para nunca mais repetir a experiência. O crime da moça selecionada era combinar a cor das roupas e acessórios. O apresentador disse que, em seu conjunto amarelo, ela parecia uma gema podre e uma banana podre. Podre é ele, né?

    E isso tudo foi antes da minha conversão ao feminismo prático.

    As revistas femininas são muito traiçoeiras. Vou ver se eu faço um post sobre uma matéria da Cláudia que eu li ontem (no consultório médico, sem outra opção).

    Pelo menos hoje em dia a gente tem internet. Então dá para reclamar e encontrar outras pessoas "excluídas" e "diferentes".

    Beijos!

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