quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Caso da Divisão de Tarefas

Vou falar a verdade: eu estou trabalhando, o Maridinho está se encarregando das obrigações domésticas porque ele está estudando, e é a melhor coisa do mundo. (Eu até toparia ter filhos se fosse nesse esquema e o Maridinho ficasse em casa cuidando deles, mas o Maridinho não é bobo nada e não quer. Isto é, não quer ter filhos, porque se ele quisesse acho que ele toparia esse esquema.)

Então, eu entendo que tenha gente que ache esse tal de feminismo uma péssima idéia. Porque o cônjuge-que-não-trabalha é um misto de namorado-secretário-mordomo. É um luxo sem tamanho. E para quem quer se dedicar muito à carreira ou a um objetivo, sem abrir mão de ter filhos e confortos domésticos, nossa, é uma mão na roda.

Dito isso, não acho que alguém tenha de ser a roda porque nasceu mulher. Acho que devia ser uma questão de escolha e de oportunidade. E que pode ser renegociada a qualquer momento, sem perder de vista que se trata de um privilégio: a maioria dos casais nem questiona se só um deles vai trabalhar, porque o salário de ambos é essencial à sobrevivência.

Para isso, é claro que a cabeça das pessoas têm de mudar – inclusive a das mulheres. Porque eu já ouvi de mais de uma amiga (inteligente, competente, com bom emprego) o desejo por um homem mais inteligente e mais bem-sucedido que ela. O que deve ser herança de um tempo em que a carreira do marido era a carreira da esposa, em que “mulher de médico/advogado/ engenheiro” era praticamente uma profissão. Mas as coisas mudaram, né, gente? Vamos deixar esses legados que só nos atrapalham para trás.

13 comentários:

  1. Sim, vamos mudar, que estamos no seculo 21 e ser (somente) a mulher de alguem nao rende felicidade.

    ResponderExcluir
  2. Eu não nasci pra ser dona de casa. De-tes-to qualquer tarefa doméstica, prefiro mil vezes trabalhar fora, mas tem gente (principalmente alguns homens) que acham que uma mulher ser sustentada pelo marido e ficar com os serviços domésticos é sempre uma vantagem, quando na realidade é um trabalho até mais cansativo que muitos e nada estimulante...
    Isso claro na minha opinião, porque tem mulheres que parecem sentir prazer em cozinhar, limpar, deixar a casa brilhando...
    Chego a ter inveja delas porque pra mim o serviço doméstico tá mais pra castigo, rs... Enfim, cada um na sua!

    Abçs

    ResponderExcluir
  3. Partindo de onde a Modernex parou: cada um na sua, mesmo.

    Acho complicado impor regras em algo tão idiossincrático como a maneira como gerenciamos nossas relações pessoais, nossas relações com o trabalho. O que funciona para um casal pode não funcionar para outro e isso não quer dizer que um casal tá certo e o outro tá errado.

    Posso até levar em conta o contexto histórico de anos de repressão feminina e coisa e tal, mas nem por isso deixo de admitir a possibilidade de não trabalhar e ser, consequentemente, sustentada pelo marido como um estilo de vida atraente para muitas mulheres. Desde que não seja comigo, respeito. ;-)

    Honestamente, devo dizer que ultimamente ando tão insatisfeita com minha rotina de oito horas diárias dedicadas ao trabalho e muito pouco tempo para coisas que me dão muito mais prazer (e às vezes me acrescentam muito mais), que confesso já ter vislumbrado uma grande chutada de balde. Mas vamos com calma, diz uma voz vinda sei lá de onde. No fundo, sei que se ficasse em casa, não tardaria para me sentir fora do mundo, parada enquanto a roda gira. Mas essa sou eu.

    Beijos, Lud.

    ResponderExcluir
  4. Assim que casei, ouvi comentários do tipo: "Agora você pode largar o emprego e ficar na mordomia."
    Me indignava duas vezes, primeiro porque o trabalho doméstico é tão cansativo, senão mais, que no escritório, não tem essa de mordomia. Segundo, porque eu tenho a maior renda da casa, mas já presumem que por ser mulher meu salário é menor e dispensável, nem sequer pensam que a carreira pode ser importante pra mim, mesmo se ganhasse menos.
    As tarefas são divididas em casa, sem essa dele me ajudar, é tudo dividido com base na habilidade e preferência de cada um. Tem muita mulher que diz que eu tive sorte, mas eu não aceitaria que fosse diferente, em todos os meus relacionamentos havia uma regra de ouro: ou me respeita como uma igual ou cai fora.

    ResponderExcluir
  5. Olha, eu sou do tipo que gosta das tarefas domésticas. De verdade. Mas tenho consciência que digo isso porque elas não são "meu destino". Aliás, é até desonesto dizer assim, categoricamente, que eu gosto, porque a grande verdade é que eu faço quando estou afim, e tem coisas que não faço mesmo. Tipo, não passo roupa. Escolho roupas que não precisam ser passadas (e taí um negócio que eu tava pra comentar contigo - roupas mais justas, como no geral são as femininas, tem menos necessidade de serem passadas - uma tremenda vantagem, na minha opinião). Ah! E o marido trabalha de camiseta, então a roupa sai da máquina, é pendurada esticadinha e sem pregadores e não fica com marcas. Olha, não vou ganhar o prêmio de a "pendada do ano", mas me acho mesmo um gênio por ter eliminado uma tarefa que eu não gosto da lista...

    Agora, amo cozinhar, gosto de sentir a casa cheirosinha, e se tivesse 3 filhos, acho que ia ter bolo todo dia em casa. Mas eu me deu conta de que acho tudo isso bacana porque trabalho muito, então a idéia parece tentadora. Mas, depois de alguns meses, como seria? Seu marido está estudando pra um concurso, então a perspectiva dele a longo prazo não é fazer isso pra sempre, o que faz uma tremenda diferença. Então, respeito muito as donas de casa, sou filha de uma, e sou testemunha o quanto esta é uma ocupação nobre, mas que pode ser muito frustrante.

    Uma coisa importante também a se considerar no seu relato, quando você valoriza o empenho do seu marido, é que você sabe o quão duras são essas tarefas, o quanto é importante e caro chegar em casa e não ter que se preocupar com elas. Mas tem uma geração aí acostumada com mãe-empregada-esposa que não é capaz de dar o menor valor porque nunca teve que fazer. E putz, às vezes nem é machismo puro e simples, e falta de vivência mesmo. O cara nunca tá em casa, nunca teve que fazer, então acha que a cueca aparece limpa na gaveta como mágica.

    E lembrei de algo que li uma vez, que as altas executivas no geral se sentiam desfavorecidas em relação aos seus colegas justamente por não terem "esposa". A questão não era nem só as tarefas domésticas, mas a figura da pessoa que se envolve no seu trabalho, abraça a causa, convida seus colegas pra jantar em casa para ajudar no seu networking. Enfim, os homens, ainda que não valorizem isso, às vezes trabalham em dupla. Já as mulheres, em boa parte das vezes, tão é sozinhas mesmo.

    Ah, Ashen Lady: meu marido é o único da casa dele que faz tarefas domésticas - e tenho certeza de que minha concunhadas e minha sogra me acham a maior sortuda por isso. Não entendem que não tem nada a ver com sorte - tem a ver com escolha. Jamais me casaria com um homem que que achasse que manter a casa é tarefa minha.

    ResponderExcluir
  6. Eu acho legal esse esquema do Leo ficar em casa...
    meu marido já falou mais de uma vez: "qndo vc estiver ganhando muito dinheiro vou parar de trabalhar e viver às suas custas!!!" ... Eu sempre dou risada, mas pensando bem é bom saber que tenho um companheiro que pensa assim. Um homem que não se sente ameaçado com o fato da mulher ganhar mais que ele!! Que não se sente "diminuído" como uns manés por aí. Que sabe que hoje o que vale é a igualdade e não o fato do homem ser o "provedor" e essas babaquices todas!!! Acho que agora quando ele falar isso vou dar total apoio!!!!

    ... Tá, agora vamos ser realistas..

    Eu sou repórter de jornal diário (resultado = salário de fome e futuramente, BEM futuramente, um ganho aceitável).
    Ele é ortodontista particular (resultado = muito dinheiro e pouco trabalho! MUITO dinheiro MESMO, aliás...)
    ps: não que a gente esteja vendo a cor do dinheiro no momento, mas deu pra pegar o espírito da coisa!!
    pps: acho que vai ser o contrário!! qndo ELE estiver ganhando muito dinheiro vou parar de trabalhar e só estudar, ler o que me der na telha e comer baldes de chocolate o dia inteiro!!! =p

    ResponderExcluir
  7. eu quero um maridinho! (de preferencia o irmao gemeo perdido do leo =)

    ResponderExcluir
  8. Seu marido se chama Leo? Ah, paraí, eu tb tenho um marido chamado leo que tb está estudando e que também não trabalha! Muita coisa em comum, não? Eu adorooooo o esquema.

    ResponderExcluir
  9. Ana Flavia,
    eu também acho que não, mas sei lá. De repente a pessoa quer. E pode. E foi livre escolha (por livre escolha entenda-se que teve outras oportunidades). E é temporário. Enfim.
    Ai, como me dói ser democrática =D.

    Laurinha,
    eu também odeio. Mas se a pessoa gostar, mais poder a ela. E continuo achando que só "vale" se foi uma escolha pessoal e informada.

    Ritinha,
    cada um na sua, mesmo. Desde que cada um tenha opção, né? A situação entre quem escolhe e quem foi criada pra ser dona-de-casa é muito diferente.
    O seu trabalho é mega-ultra-chato mesmo? Não dá pra mudar de seção? Diminuir a carga horária? Fazer um concurso mais legal? Pedir uma licença sem vencimentos? (Não precisa responder, são só sugestões.)

    ResponderExcluir
  10. Ashen Lady,
    eu também acho que cuidar da casa não é mordomia alguma. E se alguém desconsiderasse meus interesses profissionais eu ia querer sair no braço.

    Iara,
    acho que você tem o melhor dos mundos: gostar do trabalho doméstico e do profissional e poder escolher quando e como fazer aquele.
    Acho importante valorizar o que o Maridinho faz, sim. Sempre me lembro de agradecer.
    O que você disse a respeito das altas executivas é exatamente o meu ponto no post: puxa, para quem quer chegar ao topo da carreira, ajuda tanto ter um apoio. E para as mulheres é mais difícil. Até porque talvez algumas delas fiquem um pouco incomodadas com o "marido-não-provedor-principal". O que é uma bobagem e um tiro no pé.

    ResponderExcluir
  11. Setembro,
    isso é muito legal. Se o seu marido diz isso, é porque ele confia no seu taco e no seu potencial para ser "provedora".
    PS: gostei especialmente da parte dos baldes de chocolate.

    Bela,
    é só procurar que acha. Mas talvez não na sua empresa, que é cheia de colegas-obcecados-com-o-sucesso-profissional-igual-a-você =D.

    Medievas,
    coincidência mesmo! Já dá até pra abrir uma comunidade no orkut: "Meu nome é Leo, estudo e minha esposa paga as contas."
    O esquema é ótimo. Acho que vou sentir falta quando ele começar a trabalhar. A parte boa é que com dois salários vai dar pra viajar mais.

    ResponderExcluir
  12. Oi, Lud. Então, quero responder, posso? O trabalho é mais ou menos, eu é que me preparei para fazer algo diferente, mudei de área e vivo reclamando. OU seja, a chata sou eu. Mudar de seção não muda muita coisa. Diminuir a carga horária só chegando atrasada e saindo mais cedo, :-) Fazer concurso ou qualquer outra coisa do tipo só depois que passar a primeira infância dos meus filhos, opção pessoal mesmo. Pedir licença sem vencimentos está nos planos, sim, mas isso demanda uma certa organização financeira prévia e em 2010 pretendo gastar com viagens (depois conto mais) então não dá, por ora. Ou seja, no fim das contas, tá tudo bem, esquenta não. Já escrevi sobre isso no blog ("post gigante para crise idem"), se quiser ler depois dá pra ter uma noção dos grilos com que lido diariamente. Mas tudo sob controle, obrigada pelas sugestões. bj grande! (Um dia quando você me passar seu e-mail, quero trocar uma ideia sobre aquele papo do livro). Você num tá no twitter não? Bj de novo!
    Rita

    ResponderExcluir
  13. Meu concunhado não trabalha fora de casa: como eles tem cinco filhos, ficou decidido que ele ficaria em casa com eles.
    Barraco familiar, creia, meu ex-sogro diz ;"agora só falta ele engravidar!".
    Eu creio na equipe: se o casal realmente tem aquela liga, aquela elan, o que eles decidirem, rola.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...