segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Caso da União

Eu acho que nós, mulheres, devemos nos unir. Que o constante concurso “quem é a mais bela” é uma tática muito da eficiente e da malvada para nos dividir. Que se for pra competir a gente pode competir pra ver quem é mais bacana, mais divertida, mais inteligente, mais forte, mais rápida.

Por “nos unir” não quero dizer que a gente deve se juntar para falar mal dos homens. Quero dizer que devemos parar de nos criticar. Riscar as palavras “baranga” e “vagabunda” do nosso dicionário. Abandonar as avalições automáticas das aparências alheias. Aceitar que tem mulheres que não querem filhos, e estão bem, e que tem mulheres que querem parar de trabalhar para ficar com os filhos, e que elas também estão bem, obrigada.

Eu sei que é difícil, porque a gente já está habituada a uma série de juízos de valor. Em certas situações o teste “e se fosse homem?” funciona bem. Com ele descobri que, se eu achava lindo um pai deixar o emprego para cuidar de seus filhotes (que meigo! Que dedicado! Que sacrifício!), eu não podia torcer o nariz para mulheres que fazem o mesmo (por mais que eu, particularmente, deteste a idéia). Que se eu penso que o Jesus Luz “está se dando bem” com a Madonna, eu também tenho de pensar que a Luma de Oliveira “estava se dando bem” com o Eike Batista (ou os dois são aproveitadores baratos ou nenhum é). Se eu não tenho eca do Marcos Paulo por ser um pegador generalizado, também não posso ter da Luana Piovanni. E aí vai.

Também ando tentando não supervalorizar a aparência feminina. Isto é, não elogiar a bolsa, a maquiagem, o cabelo das amigas. Elogiar outras coisas: o talento, o trabalho, as conquistas, o conhecimento. A primeira parte é difícil, porque a troca de comentários sobre roupa/peso/acessórios funciona como linguagem universal para muitas mulheres. A segunda parte também, porque aqueles itens não saltam aos olhos quando você acaba de ser apresentado à pessoa, a não ser que seja ao final de uma palestra que ela deu, por exemplo. Mas vou tentando.

11 comentários:

  1. É uma ótima idéia! Eu consegui, depois de um ano me policiando, não julgar mais as mulheres, e riscar do meu vocabulário as palavras "vagabunda", "puta", etc...a não ficar mais querendo saber "fulana engordou?" ou "tá velha?" e coisas assim...o q eu ainda preciso fazer é riscar o xingamento "filho da puta",q as vezes ainda escapa qdo eu to com MTA raiva. Tenho substituído por "lazarento, miserável, cuzão"(afinal td mundo tem cu!) e afins!
    Essa técnica de usar o "e se fosse homem" é MEGA eficiente. Usei no caso da Geisy, e pra mim funcionou. Já pras outras pessoas...isso agora é o mais difícil, qdo vc consegue se libertar dessa visão misógina NOJENTA, e as pessoas a sua volta continuam com esse ódio...por mais q vc aponte o que há de errado em odiar alguém apenas por ser mulher. =(

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  2. Eu adoro esse exercício. E o mais legal é que com o tempo (e nem tanto tempo assim), internalizamos a coisa completamente. Então lá vai, com toda sinceridade: Lud, seu blog é maravilhoso, tudo de bom mesmo. É por conhecer blogs como o seu que ter entrado na blogosfera tem valido muito a pena. Eu aprendo um monte aqui, divirto-me de montão e admiro muito você. Adoro a troca de ideias que você proporciona e acho você inteligentíssima. Ah, eu adoro rasgar seda, sou assim mesmo, mas não o faço se não for verdadeiro, então sinta-se elogiada, por favor. ;-)

    Pano pra manga: sabe a coisa de não julgar pela aparência e evitar rótulos do tipo "vagabunda" e afins? Beleza, estou nessa. Aí outro dia percebi um conflito: escrevi algo no meu blog sobre a exploração da imagem do corpo feminino (a la somos enfeites) para vender produtos e atrair audiência. No dia seguinte eu mesma li meu post e fiquei me perguntado se alguém acharia que eu estava julgando aquelas modelos... e é claro que eu sei que não estava, mas vi o perigo das leituras deturpadas... mas o fato de não rotular outras mulheres como isso ou aquilo não implica em fechar os olhos para a forma machista como nossa imagem é explorada em algumas campanhas publicitárias, né não? Será que me fiz entender (lá e aqui)? Food for thought.

    Beijos
    Rita

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  3. Lud, o tal livro é "Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes", de S. R. Covey. Estou no início dele, não organizei meu tempo, ainda, pra le-lo mais. Cada dia, um pouquinho.
    Te empresto sim ;)

    beijo

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  4. Eu faco direto esse exercicio "e se fosse homem", inclusive com o meu marido, quando ele critica algum comportamento ou aparencia feminina, imediatamente eu tasco um "e se fosse homem".

    Ja quanto a questao de nao elogiar aparencia eu nao pratico, assim como gosto que meus talentos e personalidade sejam admirados tambem gosto se alguem elogia minha bolsa ou sapato, ate porque eu elogio roupas e acessorios masculinos, assim, quando me pergunto "e se fosse homem" vejo que eu continuaria admirando, entao nao deixo de elogiar o que aprecio.

    Ah, e tambem aboli ha um tempo vagabunda, puta, mocreia, enfim, todas as palavras que nao tem um equivalente masculino sumiram do meu vocabulario.

    Beijo
    Ilka

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  5. Nossa, não poderia concordar mais! Acho que as mulheres fazem muito o papel de capatazes umas das outras, me cansa. Perco muito a paciência com discurso do tipo "essas mulheres-frutas ofendem a imagem das mulheres", como se a nossa condição de cidadã de segunda classe tivesse sido determinada pela mulher-melancia, coitada. Acho mesmo que, cheias de boas intenções, muitas críticas às atitudes alheias escondem muito machismo e muito desrespeito pela autonomia d@ outr@. A pergunta: "e se fosse um homem?" é também base das minhas avaliações, tento não perdê-la de vista nunca.

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  6. Flávia,
    que bom!
    É mesmo, dose conviver com quem não enxerga a própria misoginia. Eu tento ter paciência e explicar. Fazer o quê, né?

    Rita,
    puxa, muito obrigada. Me senti elogiadíssima.
    Eu acho que te entendi, aqui e lá. De fato, é complicado criticar a situação sem parecer que estamos julgando quem está nela. No caso da Geyse da Uniban, por exemplo... Peraí, vou fazer um post.

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  7. Ada,
    Ih, não é auto-ajuda? Não sou muito fã desse tipo de publicação, não. Apesar de que a citação que você fez era muito legal, então pode ser que este seja bom!

    Ilka,
    eu tento não valorizar a aparência feminina para não reforçar o estereótipo que mulher é enfeite, que seu objetivo maior é ser bela etc. etc. Nesse caso o teste "e se fosse homem", pra mim, não funciona muito, sabe?

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  8. Iara,
    "capataz" é ótimo. E verdadeiro!
    Quando o discurso (em tese) progressista de alguém começa a coincidir com o das igrejas, para mim é sinal de alerta na hora!

    Bela,
    é boa, não é?

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  9. Lud, não é auto-ajuda não, eu acho. Estou no início dele, e acredito que seja mais focado na área administrativa, meu novo interesse no momento. Nesta próxima semana devo progredir na leitura, e então te informo.

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  10. olá lud,apóio a causa feminista e isso que vc declarou nesta postagem,o caso da união,infelizmente é verdade ainda existem companheiras que pensam que mulher unida só fala mal de homens,isso é um pensamento totalmente machista.

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