quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Caso da Aparência de Poder

Descobri: o que ofusca a minha estagicara, isto é, minha cara de estagiária, é a terceira peça. O casaco. A jaqueta. O blazer. De preferência da mesma cor da calça. Porque, vejam bem, num país tropical, abençoado por deus, terceira peça é coisa de quem está acima dos meros mortais e de coisas desprezíveis como o calor. Alguém aí já viu os cotovelos da rainha da Inglaterra?

Com o Maridinho, o resultado é impressionante. Nunca ninguém achou que ele fosse estagiário, mas você bota o Maridinho num terno e ele vira "otoridade". Já lhe deram parabéns pela conquista na posse de uma amiga juíza, tentaram levá-lo à força para o embarque internacional de primeira classe e, na última festa da empresa, ele foi pegar uma cadeira emprestada em outra mesa e de lá saltaram o presidente e o vice da firma para cumprimentá-lo.

Já eu, de terno e gravata, fico parecendo o Harry Potter. Por isso é que eu não uso gravata. Nessa terra de trouxas ninguém acredita nos meus poderes mágicos, mesmo.

* * *

E então você percebe que a vida é efêmera e todas as glórias, ilusão: nasceu uma espinha na ponta do meu nariz.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O Caso das Ótimas Dicas

Gente, muito obrigada pelas ideias no último post. Vou adotar todas! Menos as saias e os saltos, que eu acho elegantes, mas desconfortáveis e limitadores de movimentos (tenta atravessar a rua correndo com eles, tenta. Ou sentar em cima das pernas, o que eu adoro fazer). Além de perigosos: a Sarah acaba de levar um tombão cinematográfico por conta do salto alto.

No mesmo tema de roupas de trabalho, olhem só que interessante: quando o Maridinho voltou a trabalhar, ele comprou uma calça social, cinco camisas igualmente sociais e pronto, resolvido. Inspirada por ele (vocês sabem, a Kate Moss perdeu o post de ícone de moda e beleza para o Maridinho), voltei na loja em que ele havia comprado camisas bonitas e em conta (a Riachuelo), pronta para adquirir o equivalente "de moça".

Que não encontrei. A única camisa feminina social disponível era, claro, justa, com elastano e ficava mal-enjambrada no corpo, além de custar 70 reais. Enquanto as camisas do Maridinho eram 100% algodão, vinham em bonitas cores e listras, e saíram 30% mais baratas.

Não tive dúvida: marchei para o outro lado da loja, escolhi uma camisa masculina no menor tamanho disponível e comprei.

Tive que cortar um pedaço no comprimento, é verdade. Mas o resultado final foi muito positivo: a camisa é linda, é muito confortável e, apesar das mangas longas, é fresca. Puro algodão, sabe como é.

Recomendo.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O Caso do Novo Posto

Descobri que tenho estagicara, isto é, cara de estagiária. Deve ser porque fui estagiária durante tanto tempo (dez anos na faculdade!) que grudou.

Brincadeira. Acho que é porque sou feliz e sorridente e trato bem todo mundo. O que não é nada de mais. Só que os executivos da empresa andam de cara fechada e não dão mole para os simples mortais.

Não quero nem saber. Me recuso a ser babaca só para mostrar que não estou na base da cadeia alimentar. Aliás, não teria a menor importância acharem que eu sou estagiária se eu não estivesse na comunicação interna e tivesse que lidar com frequência com os tais executivos (que, nem é preciso dizer, não querem conversa com estagiários).

O jeito, então, é usar terninho todo santo dia. Porque salto alto, bolsa de marca e bijoux douradas eu me recuso.

* * *

E aí começa a questã. Homem troca a camisa e a gravata e usa o mesmo terno a semana toda; mulher tem de trocar o terno. Ou não? Então alguém me explique a existência de terninhos vermelho-sangue, azul-fusquinha e rosa-bebê.

Eu tenho dois ternos bonitos e confortáveis: um preto e um cinza. Em tese, eu poderia usar os meus dois terninhos todo dia, só trocando a camisa, não é? Não é ?!?

Preciso de um substituto para gravata urgente.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O Caso da Aflição

É muito bom ler livros e blogs e artigos e ter espírito crítico e perceber que o mundo não é justo e votar em partidos que eu acho que tentam resolver o problema. Mas, além disso, o que mais que a gente FAZ?

Ajudar as pessoas, dar roupas e objetos, doar dinheiro para organizações é muito bom e eu faço, mas não RESOLVE. Aliás, uma das minhas birras com a igreja católica é tal da caridade, porque alivia uma dificuldade de momento mas incentiva o status quo, a situação como está. E a grande problema É a situação como está.

Aí eu me sento na sala do meu apartamento no plano-piloto da capital e, no meu laptop, vejo textos sobre desigualdade social e concordo plenamente, enquanto tomo sorvete de creme com petit gateau de chocolate. Tem alguma coisa errada aí ou só eu que estou achando?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Caso do Segredo do Sucesso

Eu acho que conhecimento (teórico), experiência (prática) e dedicação são essenciais para se dar bem no mundo profissional. Ultimamente, entretanto, ando achando que a diferença entre as pessoas preparadas e bem-sucedidas e as preparadas e não tão bem-sucedidas seja um item que escola nenhuma ensina: cara-de-pau.

Por cara-de-pau entenda-se a prática constante da máxima "perguntar (e sugerir) não ofende". Ou um saudável desrespeito a regras tolas não-escritas (dos quais um bom exemplo é hierarquia, se você não está no exército).

De vez em quando a gente escuta uns nãos e vê umas caretas. Normal. Como dizia o boizinho, o importante é não se deixar abater.