domingo, 22 de maio de 2011

O Caso do Vampiro Burro

Tá passando "Crepúsculo" na tevê e o Edward acaba de dizer que ele não dorme, nunca. Considerando que ele foi transformado no início do século XX, e o resultado é que o hômi teve um bocado de tempo livre na vida. Que ele usou... pra nada, aparentemente, porque ele tem o desenvolvimento emocional de uma siriema.


Pois é: uma coisa que me intriga nas ficções em que as personagens vivem muito ou para sempre é que, que eu me lembre, a passagem dos anos não os torna mais reflexivos ou mais cultos. No máximo eles decidem que não vai mais se alimentar de humanos ou destruí-los (se esse for o caso) e fica por aí. Gente, se eu não dormisse, quantas faculdades noturnas eu ia fazer! Uma hora dessas eu era pós-doutorada.

sábado, 7 de maio de 2011

O Caso do Trabalho

Sempre gostei de trabalhar: talvez porque eu tenha ficado muito tempo na faculdade e, portanto, quando finalmente pude produzir - e ganhar dinheiro! -, adorei. Trabalho intelectual, seja dito: trabalho manual, fora colorir, eu detesto. Provavelmente por causa da minha falta completa de coordenação motora (e no entanto eu consigo desenhar e dançar. Talvez seja má-vontade mesmo).

Mas agora eu realmente gosto de trabalhar. Por uma dessas reviravoltas do universo (um ambiente caótico e fractal, o que quer dizer que eventualmente as coisas vão ficar boas pro seu lado - estatística, povo!), caí em um lugar da empresa em que minhas diversas e aleatórias habilidades são valorizadas. (E olha que eu não queria ir pra área de comunicação interna; eu fiz de tudo pra ficar na área de relações internacionais!)

Eu gosto dos meus colegas, do meu chefe, do meu dia a dia, e gosto de trabalhar na sede: de repente eu passei do fim da cadeia alimentar para alguém que vai a eventos de cúpula fazer matérias pro jornal interno. E que tem ideias. E que dá palpites (quero dizer, opiniões balizadas em estudos e experiências). E cujos palpites são ouvidos, olha que coisa fantástica! Valeu, universo!

E olha, tenho que dizer que o meu feminismo prático tem muito a ver com isso. Porque agora eu tenho total consciência que não tenho obrigação de ser enfeite, e só de ser competente, e portanto não perco tempo em belas e insinuantes combinações, e não me intimido com os executivos-cuja-média-de-idade-é-cinquenta-anos-e-usam-terno-e-gravata-todo-dia, e se ponho esforço no meu guarda-roupa é justamente para NÃO surpreender ninguém. Porque eu não quero que gastem um minuto considerando minhas pernas/meu decote/meu estilo, e sim minhas ideias. E eu ando achando que, se a ideia é ousada mas a voz é firme e o terninho é cinza, os executivos-cuja-média-de-idade-é-cinquenta-anos-e-usam-terno-e-gravata-todo-dia discutem a ideia, e não a pessoa que a emitiu.

E nem vem dizer que estou sufocando a minha feminilidade em prol de um ideal masculino que domina os ambientes de trabalho hoje. Continuo tendo útero, tá. Eu só acho que me também distrairia com um colega de trabalho bronzeado e sarado que andasse de bermuda e regata. A não ser que a gente trabalhasse na Google, claro. Mas a chance de ter um colega de trabalho na Google que fosse bronzeado e sarado... enfim.

Confesso que, como almoço com o Maridinho quase todo dia, às vezes eu uso um vestidinho (reto) ou ponho uma saia (no joelho). E aí o pessoal que trabalha na minha sala até brinca que eu fui vestida de fêmea. Mas no dia seguinte eu estou lá firme e forte, de camisa-social-calça-social-sapato-baixo.

Feliz da vida, confortável e eficiente. Tenho certeza de que, se meus pés não doem, a minha cabeça funciona melhor.