quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O que fazer com objetos de valor afetivo?

Estou contentíssima com o fato de quem em primeiro de setembro a gente vai para Brasília. Foi ótimo ficar na casa dos meus pais, mas estou doida para recomeçar: voltar a trabalhar, alugar um apartamento, arrumar a casa e organizar a vida.

Então, além de fazer planilhas de imóveis a alugar e móveis a comprar, andei remexendo nas caixas que deixei aqui em BH. Minha mãe me ajudou a abrir tudo, separar o que eu não queria (ainda tinha o que doar, acreditam?) e reorganizar os objetos em categorias: cama, mesa, cozinha.

E me deparei com um problema: peças que eu jamais usei, mas que têm grande valor afetivo. Que minha mãe e minha avó foram me dando, durante anos, para meu enxoval. E que jamais saíram das gavetas...

Toalhas de bordado filé. Colchas de crochê. Jogos americanos com barra. Lençóis de linho. Toalhas de lavabo. Panos de bandeja. Caminhos de mesa.

Os panos de bandeja são úteis, embora hoje em dia eu só tenha uma (bandeja). Mas tudo que é crochetado é vazado, então tanto a cama quanto a mesa não ficam protegidos - de pó ou de migalhas. Toalhas de lavabo? Nunca tive um lavabo. E caminhos de mesa saíram de moda, né? Não conheço ninguém com menos de 50 anos que use.

Dito isso, minha avó tem 97 anos. Tudo que ela me deu foi feito - por ela mesma - com muitíssimo carinho. O que não é de crochê veio da minha mãe. Muitas das peças ela trouxe de viagens, e não custaram barato. Então, como é que eu vou me desfazer delas?

A única solução que me ocorreu até agora, bem meia-boca, é pedir para minha mãe me deixar guardá-las... na casa dela. Mas aí eu acho que é sacanagem. Ser minimalista às custas dos outros é trapaça.

Preciso pensar mais sobre o assunto.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

O sonho do apartamento mobiliado

Eu tenho várias bonitas planilhas. Uma delas é de móveis disponíveis para alugar em Brasília. Outra é de móveis e eletrodomésticos que a gente vai precisar.

Aí, navegando por sites de anúncios variados, descobri duas maravilhas. Uma é a possibilidade de alugar diretamente do dono, me livrando da chatice e incompetência das imobiliárias brasilienses (se você conhece uma que é bacana, pode me contar. Estou ansiosa por conhecer). Outra é a existência de apartamentos mobiliados. Não estou falando de flats, apart-hotéis ou kitinettes (todos eles têm seus méritos, mas a maioria absoluta não tem fogão e/ou máquina de lavar roupa, além de serem pequetitos com força), não. Estou falando de apartamentos de verdade, de mais de 40 metros quadrados, prontinhos para morar.

Seria perfeito para mim e para o Leo: a gente poderia chegar à cidade e se instalar, sem ocupar os quartos dos amigos (porque para se mudar para um apartamento não-mobiliado você tem de comprar pelo menos cama e geladeira, e as lojas nem sempre entregam no dia seguinte) e sem gastar tempo e trabalho comprando móveis.

Só que ainda faltavam quase três semanas para irmos para Brasília. Achei dois apartamentos mobiliados legais e bem localizados e entrei em contato, mas dei com os burros n'água. Um deles, de dois quartos, foi alugado por um candidato ágil que foi pessoalmente ao local assim que os locatários antigos desocuparam o apartamento. O outro, o dono queria alugar por um ano e eu queria alugar por um mês antes de fechar um contrato longo, para ver se a gente se adaptava ao espaço reduzido (1 quarto só). Não rolou. Ou seja, é difícil fazer negócio à distância, ainda que eu tenha uma amiga em Bsb que se prontificou a dar uma olhada nos apartamentos pra gente.

Neste momento, não existe nenhum apartamento mobiliado no mercado que obedeça aos meus requisitos: 1) ser perto do trabalho; 2) ter 2 quartos; 3) ser pagável; 4) não ser medonho. Então abri de novo minhas planilhas de móveis e imóveis. O sonho do apartamento mobiliado durou pouco.


É querer muito? Foto daqui.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A mágica da arrumação, parte I

Quando ouvi falar do livro A mágica da arrumação, da Marie Kondo, torci o nariz. Não sou muito ligada em organização: sou partidária daquela tese que, se você tiver poucas coisas, elas praticamente se arrumam sozinhas. Ok, a tese é meio furada, mas me incomoda a ideia de que tudo bem ter um montão de tralha, contanto que tudo esteja em seus devidos lugares (sem falar que é uma boa desculpa para comprar mais, só que dessa vez são aquivos, caixas, latas, organizadores...).

Torci o nariz mas decidi ler, porque, se todo mundo está falando de alguma coisa quero dar meu palpite também, né? E a dona Marie me ganhou fácil, logo no segundo parágrafo do prefácio. Foi com a seguinte frase:

"Comece descartando coisas". 


É das minhas. Deixa eu ir ler o resto do livro que depois eu conto o que achei.


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Ter ou não ter (carro)?

Eu costumo dizer que meu minimalismo é bem instrumental - vendemos tudo porque queríamos sair viajando, oras. Mas a simplicidade faz a gente ver as coisas de um jeito meio diferente e refletir sobre as decisões que a gente toma.

Na prática, isso significa que percebemos que várias das nossas escolhas "sobravam": a gente tinha mais carro, mais casa e mais coisas do que precisava - e usava (porque às vezes você não precisa precisa, mas usa e gosta, então está valendo).

Quando falo que nossas escolhas "sobravam", não estou usando como base de comparação o mínimo necessário, não (passei por essa fase, mas saí dela, rs). A minha base é uma vida legal, confortável e significativa, que faça sentido para nós, nossas personalidades e preferências.

A mudança - Assim, voltamos de viagem decididos a morar em um apartamento menor e a dirigir um carro mais econômico. E não é por falta de grana, não - embora, se fosse, não seria vergonha nenhuma. Ao contrário, seria inteligência (primeira regra da educação financeira: viva abaixo de seus meios). É porque de fato constatamos que é mais barato e mais fácil adquirir e manter uma casa e um carro mais simples.

Parênteses: sim, sabemos que é um privilégio poder optar por menos. Muita gente não pode se dar a esse luxo. E sim, morar longe da família facilita esse tipo de escolha - não tem a comparação diária com o carro do ano da prima fulana e o espertofone novo do tio sicrano. Fecha parênteses.

O fato de que vamos para Brasília ajuda, é claro: é possível morar razoavelmente perto do trabalho e a cidade é totalmente plana, então um motor 1.0 dá conta. Aí, de novo, não estou falando do mínimo necessário: quero um apartamento pequeno, mas com banheiro e cozinha reformados, porque as monstruosidades dos anos 60 ninguém merece; e o carro vai ter ar-condicionado, porque em Brasília faz um calor de lascar.

O carro - Conversamos com gente que entende de carro. Escutamos: "carro barato e econômico? HB20, não tem erro!". Explicamos que não achávamos que 40 mil era barato. No fim das contas, as opiniões convergiram no Palio 1.0, usado - porque preço de carro cai assim que ele sai da concessionária.

E aí toca a procurar carro (nem preciso dizer que é difícil achar o que queremos comprar pelo preço que estamos dispostos a pagar). E a botar na ponta do lápis os custos com IPVA, DPVAT, seguro e gasolina. E a lembrar da chatice das manutenções, das trocas de pneus, dos problemas mecânicos que às vezes aparecem...

A alternativa - Então a gente pensa na outra possibilidade: que tal não ter carro? Não temos filhos, nem dificuldades de locomoção. Como ainda vamos nos instalar na cidade onde vamos trabalhar, podemos nos organizar, isto é, tentar morar perto do emprego, perto do comércio, perto do transporte público.

Também estamos dispostos a não ficar pão-durando na hora de pegar táxi, seja para ir a um lugar mais distante, seja porque está chovendo. Este site calcula quanto custa manter um carro. Segundo ele, se comprássemos um Paliozinho usado por 20 mil, gastaríamos, hoje, 8 mil reais por ano com a teteia. Conforme nossos controles financeiros, antes de viajarmos, gastávamos quase 6 mil reais por ano. Então daria pra andar bem de táxi, né?

A decisão - Afinal, ter ou não ter (carro)? Não conseguimos nos decidir. Então, o que fazer? Um experimento prático, claro. Nos primeiros tempos em Brasília, vamos ficar a pé (e de ônibus, e de táxi, e de carona). Depois de algumas semanas, teremos dados suficientes para confrontarmos os pós e contras... e bater o martelo.

Será a zebrinha nossa futura melhor amiga?
Foto daqui.