quarta-feira, 6 de abril de 2016

O macacão estampado

Quando decidi simplificar minha vida, minhas posses e meu guarda-roupa, me desfiz de um monte de peças. Guardei só as que...

- eu gostava (não sei se sou só eu - #diferentona -, mas eu tinha umas roupas de que nem era muito fã, mas usava porque minha mãe/uma amiga/a revista dizia que eram lindas);

- era confortáveis (eu tinha blusas que pinicavam e sapatos que me mastigavam, mas, de novo, usava porque minha mãe/uma amiga/a revista dizia que era lindo);

- estavam dentro minha cartela de cores (que também são minhas cores preferidas): preto, branco, cinza, azul, vermelho, bordô;

- combinavam umas com as outras. 

Fiquei com um armário de peças básicas, sóbrias e confortáveis, e achei ótimo. De vez em quando eu lia, ou me diziam, que isso não dava certo para todo mundo, porque muitas pessoas se expressam por meio do que vestem. O que eu achava uma grande bobagem, porque, afinal de contas, as pessoas se expressam é por seus atos e suas palavras (e seus blogs), né não? E a maioria dos homens que eu conheço usa calça-bermuda-camisa-camiseta a vida toda, e nunca ouvi nenhum deles reclamando que não estava conseguindo se comunicar. 

Aí minha mãe me deu um macacão (!) estampado (!!). (Parênteses: minha mãe geralmente acerta, isto é, me dá roupas que cumprem os requisitos ali de cima. Dessa vez acho que ela quis ampliar meus horizontes.) Frente única. Pantalona. Loucamente estampado. Algo que eu jamais compraria para mim mesma. 

Mas como era presente, escolhido com carinho, achei que o mínimo que eu devia fazer era usar pra ver se eu gostava. A gente tem de ficar aberto a novas experiências, né? Uma das finalidades do meu minimalismo é justamente essa. 

Botei o macacão e saí para almoçar. O macacão era bonito, gente. Caiu bem. Era fresco. Confortável. 

E eu odiei. Me senti fantasiada. Me senti esquisita. Cheguei em casa e tirei correndo. E dei o braço a torcer: só porque eu gosto de roupas básicas, sóbrias e confortáveis (que sorte!), não quer dizer que todo mundo vai se sentir bem com elas também. O jeito de se vestir pode ser, sim, uma maneira de se colocar no mundo. Não é a única, nem é obrigatória, mas é uma uma delas. E, no fim das contas, buscar o minimalismo ou uma vida mais simples é diferente pra cada um. É possível ter um guarda-roupa enxuto de peças coloridas ou estampadas, ora. Meu método é prático, mas não é necessariamente universal.

Dito isso, eu sugiro que as pessoas experimentem esse método por umas semanas (incluindo a parte dos sapatos confortáveis!). Aposto que elas vão gostar. Dito isso, continuo achando que as mulheres devem ficar espertas com o tanto de tempo, dinheiro e energia que gastam com a aparência. De repente esses recursos podem ser usados de maneiras que tragam mais felicidade, né. 

4 comentários:

  1. Não foi por falta de tentativa né... tua mãe deve estar pensando “onde foi que eu errei”...kkk

    Imagino que macacão deva ser bem confortável mesmo, mas também não me vejo vestindo macacão. Nem com estampa, nem sem. Já ensaiei algo diferente quando tinha 17/18, mas a novidade durou muito pouco e meu estilo continua o mesmo de sempre, exceto quanto ao número de peças, que antes eram muitos e hoje o suficiente.

    Tem vezes que fico imaginando o antes e não me entendendo. Eu tinha por exemplo várias calças jeans na época do colégio, mas tantas que faziam do cabide próprio de calças algo que ficava abarrotado e precisavam de outros lugares no roupeiro. E minha dúvida antes de ir pro colégio era sempre em tonalidades muito semelhantes, geralmente excluía as muito claras ou muito escuras e ficava tempos vendo entre as outras, que hoje tenho por iguais. Além de achar que hoje ter uma ou duas é o suficiente.

    Também sou adepta na campanha da maior simplicidade para vestimentas, que não sacrifiquem os pés, nem a gente, nem o bolso, para agradar os outros. Os primeiros a estarem satisfeitos, temos que ser nós mesmos. Não concordo com essa imposição de que mulher tem que enlouquecer em loja de sapatos (já vi homens enlouquecerem, especialmente os mais jovens, isso independe do sexo da pessoa) e de roupas. Uma vez uma colega que trabalhava comigo, no dia do pagamento, queria que fôssemos no shopping passear, pois o mesmo era 1 quadra do local de trabalho, para “gastar” com roupas. Eu neguei e ela foi com outras colegas, dizendo no dia seguinte ter comprado uma blusa linda, que só não tinha gostado da cor e por isso não estava com ela. E passava o resto do mês reclamando de que recebia pouco, mas gastava dessa forma e depois as roupas ficavam enfeitando o roupeiro até serem doadas ou vendidas.

    Temos que nos colocar a frente e só comprar o que gostamos, precisamos e vamos usar, do contrário ficamos escravas da moda e infelizes, com um monte de roupa que não gostamos e sem dinheiro.

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    1. É isso mesmo, Adriana: quem consome muito nem por isso fica satisfeito. Aliás, pelo contrário - costuma querer sempre mais e, mesmo quando a renda aumenta, nunca é o suficiente.

      Lembro de uma colega de trabalho dizendo:"se eu ganhasse 50 mil por mês, eu gastava 50 mil por mês!" Quer dizer, essa pessoa sempre vai ter dificuldade pra economizar, não importa o salário, rs.

      Também já tive muitas calças: jeans, de todas as cores (inclusive cores não-jeans, como bordô), de veludo cotelê, de flanela quadriculada... Hoje tenho poucas. Gosto muito de todas e uso todas elas.

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  2. O macacão era uma forma de expressão, tanto que você se sentiu fantasiada, legal você perceber o quanto de mensagem uma roupa pode passar.

    Você comunica seu minimalismo por meio de suas roupas com cores sólidas, assim como alguém pode comunicar outras coisas por meio dos fru frus.

    O importante é a consciência dessa estrutura que nos aprisiona na obrigação máxima de estarmos lindas e arrumadas, e a partir disso cada qual escolha seus caminhos e seja feliz.

    Abraço!

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