sábado, 30 de abril de 2016

Passeio no brechó

Hoje eu decidi comprar roupa, porque não faço isso há muito tempo e minhas calças de trabalho estão começando a querer serem substituídas. Decidi ir a um brechó, para não sofrer muito com o choque de reentrada  (o Leo diz que minha concepção de valores está congelada na época da faculdade, época em que se comprava uma bota com cinquenta reais. Tudo que custa mais de cinquenta reais eu acho "muito caro"). 

Para minha alegria de pessoa desmotorizada, descobri que o Peça Rara, o brechó de Brasília com que já fiz muitos negócios no passado, abriu uma filial na Asa Norte, a 2 quilômetros e meio planos e na sombra da minha casa. E lá me fui. 

O Peça Rara é bem bonito e organizado, mais bacana que muita loja a que já fui. Eles separam as peças por cor e por tipo, mas mesmo assim era tanta roupa que eu fiquei meio desorientada. 

Logo percebi que só me interessei por modelos e cores parecidos com os que já tenho. O que me deixou muito contente: tenho um estilo! Sei do que eu gosto! Fiquei olhando uma arara de calças das padronagens mais bizarras (Onça! Zebra! Folhagens tropicais!) e pensando: quem é que usa isso? Pois é, quem usa isso é quem acredita no dito "tem de variar" (eu já acreditei, então não culpo ninguém).

A única peça que me interessou foi uma sapatilha de verniz imitando cobra, tão nova que a sola estava praticamente perfeita. Infelizmente o tamanho disponível era 34 e eu uso 35. De fato, brechó tem essa limitação. 

Sai de lá com as mãos abanando, mas contente com a ideia de ter um estilo. Posso ignorar totalmente a moda (o que já faço mesmo) e usar só o que eu gosto. Ganha-ganha!

segunda-feira, 25 de abril de 2016

A verdade sobre a vida

Uma das coisas mais legais de me desfazer de um monte de coisas e sair viajando foi a sensação de liberdade. Que beleza, posso fazer o que eu quiser! (Com disciplina e responsabilidade financeira, claro.) E a expectativa: agora, com tempo e liberdade, vou descobrir o meu verdadeiro eu, aquilo que eu nasci pra fazer, o significado da vida etc. etc.

Tô esperando até agora.

* * * 

Ok, não é verdade: no fim das contas, eu cheguei às respostas - pelo menos às minhas respostas - , sim. Só que é muito sem glamour. Querem saber? É simples: meu verdadeiro eu é o que faço todos os dias; nasci pra fazer o que eu escolher, dentro de limites razoáveis de tempo e espaço; o sentido da vida é o que a gente constrói.

Cadê o insight? A iluminação? O final de O Sexto Sentido? Tem nada disso não, fofas. Tem é trabalho, esforço e escolhas mesmo.

sábado, 16 de abril de 2016

Contentona

Após um curso de formação bacana e puxado, acabo de fazer a prova final do concurso de Oficial de Chancelaria.

Estou contente. Contentíssima. Alegre porque estou achando que vai dar pra ficar entre as vagas (o resultado sai semana que vem); feliz da vida mesmo porque, independentemente do resultado, foi um projeto que levei até o fim.

Várias vezes nessa vida, comecei e não terminei. Sou daquelas pessoas que têm muita iniciativa e pouca acabativa. Dessa vez, eu quis fazer diferente. Decidi focar pra valer. Pra isso, conscientemente, deixei várias coisas de lado. Faz cinco meses que estou, basicamente, por conta.

O processo teve seus altos e baixos: momentos de alegria e de desânimo, choro e ranger de dentes, um bocado de horas de estudo, frio na barriga constante, um tanto de mimimi. Mas cheguei do outro lado, e é isso que importa.

Quer dizer, passar importa também. Mas que eu estou toda-toda de ter chegado até aqui, isso estou.

* * *

Atualização em 10 de maio: já passou quase um mês... e o resultado ainda não saiu. Por isso ainda não tem post comemorativo ou fúnebre no blog.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Outono da vida?

Como vou fazer 40 anos, comecei a me interessar pelas alegrias e dilemas da meia-idade. Tecnicamente, a definição de "meia-idade" varia, mas é razoável supor que ela vai dos 40 ao 60 anos. Ou dos 45 aos 65, que é a idade em que a pessoa se torna legalmente idosa no Brasil. De qualquer forma, ela está chegando, e eu estou me preparando alegremente para recebê-la. Até porque não tem como evitá-la: a única maneira de não envelhecer é morrer jovem. 

A boa notícia é que a amígdala cerebral, que é centro das emoções, fica mais tranquila depois dos 40. Então, em tese, ficamos todos menos ansiosos e angustiados, o que é sempre bom. A notícia não tão boa é que a felicidade das pessoas, estatisticamente, tende a seguir a forma de U invertido: vai diminuindo um pouquinho a partir dos 18 até os 40 anos, e aí fica no ponto mais baixo até os 55, quando volta a subir. A teoria é que, dos 40 aos 55, a maior parte das pessoas passa pelo período mais atribulado de suas vidas: cuida dos filhos, cuida dos pais, enfrenta muita responsabilidade no trabalho... Depois a coisa melhora, mas pode ser um período conturbado. 

No meu caso, que não tenho filhos e cujos pais são completamente independentes, não tenho percebido essa diminuição de felicidade. Tenho percebido é uma diminuição de expectativas. E isso é bom! Fiquei mais realista e, consequentemente, meus objetivos ficaram mais fáceis de alcançar. Esse realismo também me ajudou a ver que algumas metas que eu achava necessárias para ser feliz não eram verdadeiramente minhas, mas vinham da família/sociedade. Foi e continua sendo muito libertador parar de seguir o programa "dos outros" e ir atrás do que de fato acho importante.

Toda essa introdução foi para falar de um livro bem interessante: Life Reimagined: The Science, Art and Opportunity of Midlife (A Vida Reimaginada: a Ciência, Arte e Oportunidade da meia-idade), da Barbara Bradley Hagerty. Ela é jornalista e, aos cinquenta e poucos anos, diante de um problema de saúde, decide investigar... as alegrias e dilemas da meia-idade.

Barbara começa dizendo que 1) existem poucas pesquisas voltadas para a turma dos 40-60 (geralmente os cientistas se interessam pela infância e pela velhice) e 2) a tal crise de meia-idade é mesmo uma lenda.

Revisando as pesquisas que existem e entrevistando com cientistas e psicólogos (além de conversar com contemporâneos), a autora chegou a algumas conclusões interessantes:

- depois dos 40, as pessoas continuam capazes de aprender tudo (mesmo instrumentos musicais e línguas estrangeiras). O truque é persistir.

- uma maneira de fortalecer os relacionamentos? Fazer coisas novas juntos.

- em vez de ir atrás da felicidade, buscar significado/propósito faz com que a felicidade surja como consequência.

- exercícios aeróbicos são realmente excelentes para o corpo... e para o cérebro também.

- o conceito de sucesso merece ser redefinido. O que realmente é importante para cada um não é necessariamente o que "os outros" acham.

Nada muito revolucionário, mas tudo interessante e útil. E, o que eu acho mais importante, não é achismo: está tudo baseado em pesquisas e conclusões científicas. A ciência evolui e muda, é claro, mas não é tão bom seguir conselhos que partem de indícios razoáveis?

Outono da vida? Agora é que tá ficando bom! 

quarta-feira, 6 de abril de 2016

O macacão estampado

Quando decidi simplificar minha vida, minhas posses e meu guarda-roupa, me desfiz de um monte de peças. Guardei só as que...

- eu gostava (não sei se sou só eu - #diferentona -, mas eu tinha umas roupas de que nem era muito fã, mas usava porque minha mãe/uma amiga/a revista dizia que eram lindas);

- era confortáveis (eu tinha blusas que pinicavam e sapatos que me mastigavam, mas, de novo, usava porque minha mãe/uma amiga/a revista dizia que era lindo);

- estavam dentro minha cartela de cores (que também são minhas cores preferidas): preto, branco, cinza, azul, vermelho, bordô;

- combinavam umas com as outras. 

Fiquei com um armário de peças básicas, sóbrias e confortáveis, e achei ótimo. De vez em quando eu lia, ou me diziam, que isso não dava certo para todo mundo, porque muitas pessoas se expressam por meio do que vestem. O que eu achava uma grande bobagem, porque, afinal de contas, as pessoas se expressam é por seus atos e suas palavras (e seus blogs), né não? E a maioria dos homens que eu conheço usa calça-bermuda-camisa-camiseta a vida toda, e nunca ouvi nenhum deles reclamando que não estava conseguindo se comunicar. 

Aí minha mãe me deu um macacão (!) estampado (!!). (Parênteses: minha mãe geralmente acerta, isto é, me dá roupas que cumprem os requisitos ali de cima. Dessa vez acho que ela quis ampliar meus horizontes.) Frente única. Pantalona. Loucamente estampado. Algo que eu jamais compraria para mim mesma. 

Mas como era presente, escolhido com carinho, achei que o mínimo que eu devia fazer era usar pra ver se eu gostava. A gente tem de ficar aberto a novas experiências, né? Uma das finalidades do meu minimalismo é justamente essa. 

Botei o macacão e saí para almoçar. O macacão era bonito, gente. Caiu bem. Era fresco. Confortável. 

E eu odiei. Me senti fantasiada. Me senti esquisita. Cheguei em casa e tirei correndo. E dei o braço a torcer: só porque eu gosto de roupas básicas, sóbrias e confortáveis (que sorte!), não quer dizer que todo mundo vai se sentir bem com elas também. O jeito de se vestir pode ser, sim, uma maneira de se colocar no mundo. Não é a única, nem é obrigatória, mas é uma uma delas. E, no fim das contas, buscar o minimalismo ou uma vida mais simples é diferente pra cada um. É possível ter um guarda-roupa enxuto de peças coloridas ou estampadas, ora. Meu método é prático, mas não é necessariamente universal.

Dito isso, eu sugiro que as pessoas experimentem esse método por umas semanas (incluindo a parte dos sapatos confortáveis!). Aposto que elas vão gostar. Dito isso, continuo achando que as mulheres devem ficar espertas com o tanto de tempo, dinheiro e energia que gastam com a aparência. De repente esses recursos podem ser usados de maneiras que tragam mais felicidade, né. 

terça-feira, 5 de abril de 2016

Filosofia de ponto de ônibus, parte II

Dia desses, voltando do trabalho, peguei o ônibus errado. É que tem vários que fazem o trajeto casa - serviço e outros tantos quem fazem o contrário. Os números são parecidíssimos. Então, se eu me distraio, isso acontece.

Mas, assim que o ônibus saiu da rota habitual, percebi o engano e desci. Aí tive que andar um pouco até chegar a um ponto em que passa a linha correta, e enquanto isso fui desenvolvendo mais um pedaço da minha filosofia de ponto de ônibus.

Vejam bem: eu só peguei o ônibus errado porque, no meu ponto, passam muitos. As oportunidades também são assim: às vezes, aparecem tantas que fica difícil escolher. Subi naquele que achei que era o certo e lá me fui. Só depois é que percebi que estava indo pro lado errado. Idem para as oportunidades: volta e meia a gente acha que está se dando bem, e precisamos de um tempo para nos dar conta que não é bem aquele caminho que queremos seguir.

Mas não tem problema: é só dar sinal e descer. De preferência, mais perto do objetivo final do que a gente estava originalmente.