terça-feira, 19 de julho de 2016

Escaneadora com ascendente em aleatoriedades

Como disse minha irmã mais nova, "Foi o pior livro bom que eu já li". Estou falando de Refuse to Choose, da Barbara Sher (pelo jeito sem tradução para português), que fala de um tipo de gente  diferente: scanners, ou escaneadores - um povo que pula de um interesse para outro, alegremente, sem se comprometer para sempre com nada. 

Eu e a irmã nos identificamos. Queremos saber e fazer um monte de coisas, mas ficamos satisfeitas depois de um certo tempo. Não sentimos necessidade de nos concentrar no mesmo tema durante anos e anos. Depois que a gente absorve o que quer, damos tchau. E partimos para a próxima. Isso, claro, tem seu preço. Em um mundo que valoriza especialistas, somos generalistas aleatórias.

O lado ruim do livro é que a autora trata a si mesma e aos escaneadores como gênios incompreendidos. E enche as páginas de historinhas repetitivas nas quais ela REVELA às pessoas sua VERDADEIRA natureza. Aí as pessoas ficam absolutamente chocadas, porque jamais, em toda a vida, tinham pensado naquilo/visto as coisas por aquele ângulo. O que nos faz desconfiar que esses escaneadores não são tão brilhantes assim, certo? Mas achei bacana ter um nome para o que eu sou que não fosse "sem foco", "desorganizada" ou "randômica". 

A autora diz que não temos que terminar o que começamos - aliás, ela recomenda que a gente não termine a maioria absoluta dos nossos projetos! Mas, no fim do livro, dá o braço a torcer: fala que não precisamos terminar todos os projetos, mas que precisamos saber terminar.  

Fiquei pensando em como aplicar esse novo conhecimento na prática. Por um lado, estou feliz por entender meu fôlego curto (muita iniciativa, pouca acabativa). Por outro, sei que alguns objetivos dessa vida só são alcançados com um esforço contínuo e prolongado - algo que vai contra minha tendência escaneadora. O que fazer? 

Tentar domar minha tendência escaneadora, né? Não por toda minha existência, porque isso seria muito sofrido. Mas por um período determinado (provavelmente mais longo do que eu gostaria). Estou pensando numas estratégias aqui.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

#Enveja

Dia desses tive uma crise de inveja de gente que pode ficar só estudando. Afinal, trabalho toma tempo e desgasta. Fiquei pensando como seria bom ter o dia inteiro para ler livros e ver vídeo-aulas.

Aí tive vários dias de folga, que decidi dedicar ao estudo. Pronto. Foi o suficiente para me lembrar que a vida do estudante integral não é tão boa assim. É preciso ter disciplina, paciência, atenção. Lutar contra a preguiça, o autoengano, as redes sociais. E isso porque eu gosto das matérias!

Digo me lembrar porque, depois que me graduei em direito, estudei para concursos públicos. Morava com meus pais, eles pagavam cursinho e materiais, e eu ainda reclamava, porque achava que eles me perturbavam! O caso é que eu fazia uma segunda graduação, estudava só quando me dava na telha (e depois que saía um edital que me interessava), e eles achavam que não era uma boa estratégia. Por sorte (e pelo acúmulo de períodos variados de estudo), fui aprovada alguns meses depois que me formei... pela segunda vez.

Resumindo: não tá fácil pra ninguém. Mas um chocolatinho sempre ajuda.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Por que eu não fiz isso antes?


Porque faltou tempo.

Porque faltou grana.

Porque faltou ânimo.

Porque me distraí.

Porque fui fazer outras coisas mais importantes.

Porque fui fazer outras coisas mais urgentes.

Porque eu não sabia que isso existia. 

Porque eu não sabia que eu queria isso antes.

* * *

Vale pra quase tudo.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Segundo semestre: a decisão da pessoa

Pessoa infernizou amigos e família por meses sobre o concurso de oficial de chancelaria. Pessoa estudou sofrendo, chorando e rangendo os dentes. Pessoa passou no concurso. E agora, o que a pessoa faz? Arruma outra coisa pra estudar, claro.

Mas a culpa não é da pessoa, pessoas. A culpa é do tempo livre que a vida simples proporciona e da demora para nomearem a pessoa. Se a pessoa estivesse trabalhando de 9 às 19 no Itamaraty, estaria ocupada e feliz. Como não está...

Como não está, pessoa decide estudar as matérias do concurso de diplomacia. Vejam bem: pessoa não vai estudar para passar no concurso de diplomacia. Pessoa quer é ler livros, fazer aulas e participar de grupos de discussão na internet sobre temas palpitantes.

Pessoa não está sendo falsamente modesta. Modesta a pessoa nunca foi. Mas a pessoa sabe que o concurso é muito difícil, que são poucas vagas, que todo anos tem 500 candidatos realmente preparados para 30 vagas. Também sabe que as pessoas costumam levar 3, 4 anos para serem aprovadas (quando são) e que seu fôlego para estudos tem se mostrado, até agora, curto.

Ou seja, a chance de pessoa se distrair no meio do processo e ir fazer outra coisa é muito grande. Então, pessoa não quer se comprometer com a meta da aprovação. Não quer nem se comprometer em ir fazer a prova! Quer é estudar história, geografia, economia e política internacional, tudo muito útil para quem vai fazer parte do Serviço Exterior Brasileiro.

E muito mais divertido que contabilidade pública, vamos combinar.